quarta-feira, 24 de abril de 2024

DA MITOLOGIA GREGA À FÍSICA QUÂNTICA

O PRÓPRIO VIVER É MORRER, PORQUE NÃO HÁ UM ÚNICO DIA EM NOSSA VIDA QUE NÃO SEJA UM DIA A MENOS NELA.

presidente do IBGE Marcio Pochmann abandonou o didatismo da convenção internacional que tem no meridiano de Greenwich o divisor das duas metades longitudinais do planisfério e colocou o Brasil no centro do mapa-múndi. Três dias depois do lançamento da aberração, Lula postou no Twitter: A Terra é redonda
Recriar o que não serviu e criar o que claramente não vai servir parece ser a especialidade do atual governo (não que o anterior fosse melhor, longe disso)É a ideologia do vácuo absoluto demonstrando que se pode emburrecer ainda mais o Brasil — o centro imaginário de um mundo que não existe. A pergunta é: qual será o próximo passo? Substituir o sistema métrico-decimal eurocentrista por outro nativo? 
Quando for entregue às escolas na qualidade de 9ª edição do Atlas Geográfico Escolar, a aberração petista servirá apenas para confundir os estudantes, que já penam para fazer contas banais e escrever frases com sujeito, verbo e predicado.
Pensando bem, Dilma também penava para juntar lé com cré numa frase que fizesse sentido, e hoje embolsa cerca de R$ 300 mil mensais (noves fora as mordomias) para brincar de presidente do Banco do Brics. E os discursos de seu criador e mentor — que se orgulha de ter preguiça de ler — continuam sendo garranchos verbais. Triste Brasil.

Segundo a mitologia grega, Urano devolvia os filhos ao útero de Gaia para evitar que um deles o destronasse. Mas Gaia escondeu Chronos e o encarregou de castrar o pai. Quando o pimpolho cresceu e atendeu ao pedido da mãe, foi confinado pelo genitor no mundo subterrâneo ("reino" para onde os gregos supunham que as almas fossem após a morte física). 
Como a história se repete, Chronos devorou os filhos que teve com Raia, Raia escondeu Zeus numa caverna em Creta, Zeus cresceu e, a pedido da mãe, obrigou o pai a regurgitar seus irmãos. Ao cabo de uma guerra que durou 10 anos, Zeus derrotou Chronos e conquistou a imortalidade.
 
No livro Tempo: O Sonho de Matar Chronos, o físico Guido Tonelli
 explica o fluxo do passado, presente e futuro discorrendo sobre realidades onde as leis da física clássica não se aplicam. Embasado na mecânica quântica e na teoria da relatividade, ele sustenta que o tempo é um elemento material que "ocupa o universo inteiro, que vibra, oscila e se deforma". 
Assim como em sua obra anterior — Gênesis: a história do universo em sete dias, lançada em 2019 —, o autor conduz o leitor pela evolução do entendimento sobre nossa existência, mas "Gênesis" se baseia nos conceitos mais modernos da física para explicar como tudo começou, e "Tempo" discute questões seminais, como "o que é o tempo?", "ele existe, mesmo ou é só uma ilusão?", "conseguiremos um dia derrotá-lo?", e por aí afora. 

Tonelli sustenta que, se dois astronautas viajassem em direção a um buraco negro supermassivo, um deles mantivesse a nave a uma distância segura do fenômeno e o outro cruzasse o "horizonte de eventos",  o tempo pareceria continuar passando normalmente para este último, mas um sinal de rádio que ele enviasse para o colega que ficou fora buraco negro levaria uma eternidade para ser recebida. Em outras palavras, alguns segundos no interior de um buraco negro correspondem a milhares de anos fora dele.

Ainda segundo o físico italiano, o tempo flui diferente em diferentes regiões do Universo, e apenas tecnicidades nos impedem de dobrá-lo a nosso favor. No passado, o ser humano se via como um ser frágil em meio a um cosmo eterno, formado pelo Sol, pelas estrelas, pelos planetas e por divindades imortais. Como não havia ferramentas capazes de medir com precisão distâncias e passagens de tempo pequenas demais ou exageradamente grandes, nossos ancestrais recorriam à mitologia e à religiosidade.

Segundo a Bíblia, a criação do mundo teria se dado em 6 de outubro de 3761 a.C.), mas a ciência têm sólidas evidências para sustentar que a espécie humana surgiu há 300 mil anos, na África, a partir da evolução de outros primatas, que todos habitamos o mesmo Universo criado pelo Big Bang 13,8 bilhões de anos, que a Terra surgiu há 4,5 bilhões de anos e que o espaço-tempo como campo e substância nasceu a reboque do surgimento da massa e da energia no cosmo. 

Tonelli não se aventura por uma definição precisa do que é o tempo, mas o aponta como uma substância e como parte de um campo onipresente, e faz referências a cientistas que exploram as teorias mais modernas da mecânica quântica sobre o tema, como Carlo Rovelli, que é reverenciado por suas pesquisas seminais sobre a existência da "gravidade quântica em loop" (detalhes nesta postagem).
 
Em 2012, Rovelli iniciou uma palestra afirmando que o tempo não existe. Isso não significa que ele não acredite na existência do tempo, mas que, em sua visão, em vez de medida cronológica como a usada nos calendários, o tempo é na verdade uma variável resultante da crescente entropia do cosmo ao longo de seus quase 14 bilhões de anos de existência.
 
Observação: Em A Ordem do Tempo, de 2017, Rovelli explora as concepções que a humanidade já teve acerca desse elemento crucial da realidade, de Newton, que teorizava duas formas de tempo, e Einstein, para quem o espaço-tempo resultaria de deformações do campo gravitacional, ao atual estágio de pesquisas.
 
Voltando a Tonelli, o subtítulo do livro Tempo: O sonho de matar Chronos remete ao desejo de superar a mortalidade, mas apesar de acreditar na possibilidade de dobrar e manipular o campo do espaço-tempo, o autor não vislumbra qualquer possibilidade de nos tornarmos imortais, como Zeus teria se tornado após derrotar o pai. "Nada é eterno, toda estrutura de matéria, seja um humano, uma estrela, uma galáxia, é frágil intrinsecamente, e cedo ou tarde tudo se acaba", pondera Tonelli

Enquanto partículas elementares como o bóson de Higgs têm duração de microssegundos, estrelas, planetas e galáxias permanecem no cosmo por bilhões de anos. No fim, se a estrutura do Universo não mais suportar o espaço-tempo,  será o verdadeiro Apocalipse, mas contado pela Física quântica. 

Com BBC

terça-feira, 23 de abril de 2024

DEU NO QUE ESTÁ DANDO

 

Reza a sabedoria popular que o mal deve ser cortado pela raiz, que esqueletos podem sair dos armários, e que eguns mal despachados voltam a nos assombrar. Ao contrário do que se imaginou a princípio, o impeachment de Dilma não sepultou o PT e a prisão não pôs fim à trajetória política de Lula


Graças a uma decisão teratológica do ministro Edson Fachin, o xamã petista foi exumado da carceragem da PF com o fito de derrotar o pior mandatário que o Brasil amargou desde Tomé de Souza. Mas nem os fins justificam os meios, nem a derrota do sociopata golpista despachou o bolsonarismo de volta para o armário de onde nunca deveria ter saído. E deu no que está dando.

 

O ato convocado para o último domingo reuniu bem menos pessoas que o de fevereiro, mas deixou claro que o "mito" ainda é capaz de encher o asfalto. Entre a Avenida Paulista e Copacabana, ele modulou sua estratégia do bom-mocismo da "pacificação" para o mau-caratismo da desinformação em estado bruto. Para manter seu devotos em pé de guerra, disse que o Brasil está "perto de uma ditadura". Surfando a onda fabricada por Elon Musk, afirmou que "o mundo inteiro toma conhecimento do quanto esta ameaça a nossa liberdade de expressão". 

 

Recheados de cinismo e mesmice, os discursos de Bolsonaro, Michelle e Malafaia comprovam que a união faz a farsa. A bajulação ao dono do X, o "Pai Nosso" da ex-primeira-dama e os coices desferidos pelo "pastor" em "Xandão" não apagam culpas bem esquadrinhadas pela PF, mas levam água ao moinho bolsonarismo. Ficou claro que o chefe do clã da rachadinhas, mansões milionárias e joias sauditas aposta que, com o passar do tempo (periculum in mora), a tentativa de golpe caia no esquecimento, e ao atacar a credibilidade de Moraes, equipa-se para contestar futuras condenações esgrimindo questões processuais como as que levaram à anulação das sentença de Sergio Moro na finada Lava-Jato.

 

Quem padece de TDI (transtorno dissociativo de identidade) costuma ter dupla personalidade, mas Bolsonaro tem três: a que exibe, a que tem de fato e a que imagina ter. Na personalidade da pose, é um perseguido político; na real, um golpista à espera de sentença; na imaginária, um cultor do Estado democrático de Direito. Colocando-se na coqueteleira a máscara, a imagem nua no espelho e a desconexão com a realidade, obtém-se o protótipo de um batedor de carteira ideológico: ao dizer que o Brasil roça uma ditadura e apresentar-se como herói de uma guerra contra o cerceamento à liberdade de expressão, o psicopata se comporta mais ou menos como um punguista de praia que, pilhado numa tentativa de tomar de assalto a democracia, sai gritando "pega ladrão".

 

Bolsonaro abomina a realidade, mas sabe que ela é o único lugar onde um político investigado pode arrumar uma defesa decente. Percebendo-se indefeso, recorre à empulhação. Os quatro anos de sua Presidência caótica revelaram que há sempre duas razões para as estratégias (a declarada e a real), e a concentração de poderes nas mãos de Moraes fornece lenha para a fogueira da confusão. No mundo real, o personagem assemelha-se a um náufrago criminal que se agarra a um jacaré imaginando tratar-se de um tronco.

 

Na composição da fábula do afogado, Bolsonaro e seus operadores escoram-se numa regra importada da propaganda: com um rótulo bem definido, qualquer coisa pode ser vendida. Em três décadas como deputado do baixo-clero, ele aprendeu que o mal, como abstração, é difícil de ser enxergado, mas que basta dar ao mal um tridente e um par de chifres para se ter um inimigo a quem transferir suas culpas. E o demônio do bolsonarismo é "Xandão".

 

O bolsonarismo se esfalfa para colar em Moraes rótulos que o Supremo atribuiu a Moro: um juiz superpoderoso autoconvertido em Xerife-Geral da República que concentra em seu gabinete processos de grande repercussão e instrumentaliza o Direito em busca de resultados. Nessa versão, o togado mimetizaria os métodos de Moro — após obter a delação de Mauro Cid mantendo-o preso por quatro meses, busca produzir um novo delator conservando atrás das grades — desde agosto do ano passado, sem condenação — Silvinei Vasques, o ex-diretor bolsonarista da PF.

 

Na gênese da concentração de poderes nas mãos de Moraes está o inquérito das fake news, aberto em 2019 por Dias Toffoli, então presidente do STF, à revelia da PGR, para o qual "Xandão" foi escolhido relator sem sorteio. Outros inquéritos sobrevieram, como o que investiga os atos antidemocráticos e o que apura as perversões das milícias digitais. Em condições normais, seriam sorteados novos relatores, mas considerou-se que os crimes sob apuração tinham conexão com o inquérito inaugural, e isso abriu uma brecha para que a defesa do capetão esgrima a tese de que o STF subverte duplamente o princípio do juiz natural. Primeiro porque a Corte indeferiu o recurso que pleiteava o envio da encrenca envolvendo um ex-presidente sem foro privilegiado à primeira instância. Segundo porque teria torturado suas próprias regras para manter nas mãos de Moraes todos os inquéritos que aproximam o encrencado da cadeia, da falsificação dos cartões de vacina à comercialização de joias da União, passando pelo da tentativa de golpe que desaguou no 8 de janeiro.

 

Do ponto de vista jurídico, a tática do bolsonarismo é de uma ineficácia hedionda. Não há argumento capaz de eliminar as culpas do ex-presidente. Afora a delação de Mauro Cid, a responsabilidade criminal do dito-cujo está escorada em sólidas provas materiais e testemunhais. Sob o prisma político, eventos como o da Avenida Paulista e o de Copacabana fornecem a um investigado metaforicamente "jurado de morte" a possibilidade de se comportar como se estivesse cheio de vida. 

 

Faltando-lhe uma defesa crível, Bolsonaro apela à mistificação messiânica para hipnotizar seus devotos. A presença da evangélica Michelle e do pastor Malafaia nos palanques não foi à toa: servindo-se da oratória da dupla, o indefensável converte seus seguidores em sectários de uma seita religiosa e os estimula a aceitar todas as presunções da divindade presumida a seu próprio respeito. Em matéria criminal, isso inclui concordar com o dogma segundo o qual ele tem uma missão de inspiração divina e, portanto, indiscutível.

 

Basta ler as entrelinhas para extrair do discursos em Copacabana a narrativa de que Bolsonaro e seus acólitos empunham lanças em defesa da liberdade e da democracia, e que a "rede de solidariedade" da extrema-direita global está incumbida de projetar ao mundo um roteiro de perseguição e silenciamento. Mais difícil é saber até que ponto essa caterva acredita nas próprias mentiras e a partir de que ponto passa a jogar para os verdadeiros defensores da democracia o peso de provar a verdade. 


Observação: Não é mais apenas sobre "como as democracias morrem", mas sobre como a democracia deixa de ser o que é. E não se trata do universo evangélico ou da Bíblia, mas, sim, do uso religião como política e do potencial desse "nacionalismo cristão extremista e fanático" desgraçar a democracia brasileira como o trumpismo vem fazendo nos EUA.

 

Se prevalecer a lógica, é muito provável que Bolsonaro vá para a cadeia. O momento atual não é adequado para decretar sequer sua prisão preventiva, mas Alexandre de Moraes, tão incisivo em suas decisões, já poderia ter tomado outras providências. Ao não fazê-lo, o magistrado converte a Suprema Corte numa espécie de centro terapêutico para tratar as loucuras do investigado, enquanto este segue em campanha para reforçar o número de prefeitos do PL, reforçar a bancada bolsonarista no Congresso em 2026 e, mais à frente, conspirar por uma anistia.

 

Com Josias de Souza

segunda-feira, 22 de abril de 2024

LULA E A MELHOR IDADE

 

Todo ser vivo nasce, cresce e morre. O nascimento dá início a uma viagem pelo tempo rumo a um futuro que nunca chega (o hoje é o amanhã de ontem e o ontem de amanhã). Não se saiba ao certo se o tempo existe ou se é apenas uma invenção criada para facilitar nossa compreensão do mundo, mas sabe-se que a morte é inexorável e constitui a única certeza que temos na vida. 
 
Viver para sempre é um sonho antigo. Os antigos gregos acreditavam a água de um rio que nascia no Monte Olimpo tornava os homens imortais. Em 1513, Ponce de León partiu de Porto Rico em busca da lendária Fonte da Juventude e descobriu a Flórida, mas morreu em 1521 sem jamais ter encontrado a tal fonte.
 
Em 1932, quando a expectativa de vida dos norte-americanos era de 59,7 anos, Walter B. Pitkin publicou seu livro de autoajuda "Life begins at forty" ("A vida começa aos 40"). Entre 1960 e 2014, a expectativa de vida no Brasil aumentou de 48 para 74,6 anos. Aubrey de Grey — co-fundador e CSO da SENS — acredita que é possível viver por séculos sem sofrer os transtornos da velhice, mas nossa conterrânea mais longeva completou 119 anos no dia 10 do mês passado (e está num osso danado).
 
A experiência segue as pegadas da maturidade, mas isso não significa que 
a "reta de chegada" seja a melhor parte da "viagem". Chamar a "terceira idade"  fase da vida que começa aos 60 e termina quando as luzes da ribalta se apagam — de "melhor idade" é ignorar pérolas de sabedoria como "la vecchiaia è bruta". Em resposta à nova expressão, que foi cunhada por um "influencer" infectado pelo vírus da positividade tóxica, borrifada nas redes sociais por seus seguidores "idioters" e replicada pelos meios de comunicação, o jornalista e escritor mineiro Rui Castro publicou a crônica "Melhor idade é a puta que te pariu". 

Atribui-se a Pascal a máxima: "quanto mais conheço o homem, mais gosto do meu cachorro". Trata-se de uma crítica mordas à natureza humana combinada  com uma louvação à lealdade e o amor incondicional dos cães. O filósofo francês sabia das coisas: o ser humano sempre foi um merda, e continuará sendo um merda per omnia saecula saeculorum, até porque quem nasceu pra vintém não chega a tostão. Menos mal se o desinfeliz é capaz de reconhecer as próprias limitações; embora essa "virtude" não o exclua da seleta confraria dos merdas, ao menos passa a impressão de que alguns merdas "são menos merda que os outros". 

Falando em merda, em 2018, visando impedir que país do futuro que nunca chega porque tem um imenso passado pela frente fosse governado pelo bonifrate do então presidiário mas famoso da história desta banânia, o mui esclarecido eleitor tupiniquim despachou para o Planalto um subproduto da escória da humanidade que ressuscitou a extrema-direita radical, que julgávamos sepultada com o fim da ditadura e a volta dos milicos aos quartéis. Como há males que vêm para pior, além de não empurrar o bolsonarismo boçal de volta para armário da História, a derrota do "mito" em 2022 ensejou o retorno do egum mal despachado que julgávamos exorcizado pelo impeachment de Dilma.
 
Lula foi catapultado à política liderando greves históricas que desafiaram a ditadura militar nos anos 1970. Em 2022, ele articulou a falaciosa "frente democrática" que o ajudou a se eleger pela terceira vez com a promessa de pendurar as chuteiras ao final desse mandato. Assim que tomou posse, criou dezenas de novos ministérios para acomodar os aliados de ocasião e nomeou para as pastas já existentes antigos aliados sepultados no julgamento do Mensalão ou quando a saudosa Lava-Jato expôs as entranhas pútridas do Petrolão. E como desgraça pouca é bobagem, voltou a acalentar o sonho de concorrer ao quarto mandato.

Observação: Comenta-se que o imperador da Câmara reclamou da desarticulação do governo e sugeriu a Lula que anunciasse sua candidatura à reeleição em 2026 a fim de acabar com a rivalidade entre seus ministros — principalmente Alexandre Padilha, Rui Costa e Fernando Haddad. O presidente não se fez de rogado, mas, ao contrário do que esperava Lira, essa iniciativa não inibiu as brigas e as sabotagens dentro governo, num sinal claro de que, se a orquestra oficial continua desafinando, a culpa é do regente, e de nada adianta trocar as rodas da carroça quando o problema é o burro.
 
Lula recebeu com pompa e circunstância o ditador venezuelano, presenteou Dilma com a presidência do Banco do Brics e indicou para o STF um amigo e advogado particular e um ministro socialista, comunista e marxistas. Em 15 meses de governo, passou quase 70 dias num périplo turístico por 30 países, demorou a afastar auxiliares envolvidos com corrupção, acusou o presidente do BC de travar o crescimento do país, sabotou a meta de déficit zero de seu ministro da Fazenda e tentou interferir na Petrobras e enfiar Guido Mantega na presidência da Vale. 
 
Além de reeditar erros cometidos nas gestões anteriores, o Sun Tzu de Atibaia abrilhantou sua interminável lista de asnices louvando o Nicolás Maduro, comparando Gaza ao Holocausto, defendendo a ideia de que democracia é um conceito relativo e dizendo que se orgulha de ser chamado de comunista. Seus auxiliares estão preocupados com seus "lapsos de memória", como quando ele acusou Israel de matar 12,3 milhões de crianças — um dado flagrantemente irreal.
 
Lula sempre foi entusiasta da ideia — simplista e errada — de que gasto é vida. Rui Costa, seu mais poderoso assessor no Planalto, vive a argumentar que o ajuste fiscal proposto por Haddad pode prejudicar o novo PAC, assim como o pagamento de dividendos extras pela Petrobras — rejeitado por Costa e defendido por Haddad — poderia, segundo o chefe da Casa Civil, inviabilizar o plano de investimentos da companhia, e desde então a rixa vem ganhando ritmo e temperatura. 
 
Em seu primeiro mandato, Lula assistiu a uma disputa de poder entre José Dirceu e Antonio Palocci. Tanto o então chefe da Casa Civil quanto o então ministro da Fazenda almejavam suceder ao chefe na Presidência, mas ambos foram atingidos por escândalos de corrupção e ficaram pelo caminho. A exemplo de seus antecessores, Costa e Haddad nutrem o desejo de disputar o Planalto em 2026. Lula, como de costume, prefere assistir de camarote à cizânia entre aliados e subordinados. Quando intervém, é para colocar mais lenha na fogueira — como fez quando o plenário da Câmara manteve a prisão do deputado Chiquinho Brazão. 
 
Lira chamou Padilha de "incompetente" e "desafeto pessoal", e o ministro reagiu dizendo que não desceria ao nível de Lira. Lula resolveu participar do tiroteio verbal tomando partido de seu auxiliar: "Só de teimosia, Padilha vai ficar muito tempo nesse ministério". A ideia era mostrar quem manda — o que não é necessário nem condiz com a liturgia do cargo —, mas só conseguiu agravar a situação. O ainda imperador da Câmara tem o poder de atrasar ou destravar projetos, instalar CPIs e até fazer avançar pedidos de impeachment, e deixou a impressão de que retaliará o governo, que até hoje não conseguiu formar maioria na Casa porque depende — e muito — da ajuda dele.
 
Lula demora a perceber, mas seu grande desafio não está fora, mas dentro de sua gestão. Mesmo com a melhora do nível de emprego e a inflação "sob controle", a avaliação positiva de seu governo vem caindo, e o pessimismo da população com a economia, aumentando na mesma medida. Sem falar que o petista ora segue a cartilha ideológica de seu assessor especial, Celso Amorim, ora se baliza pelo profissionalismo da chancelaria comandada pelo ministro Mauro Vieira, afinado com a tradição nacional de conciliação e moderação. 

Esse descompasso levou o governo (entre outras coisas) a demorar para chamar de terroristas os terroristas do Hamas e para cobrar de Nicolás Maduro explicações para o veto a oposicionistas nas eleições presidenciais, marcadas para julho deste ano — vale destacar que a guinada no caso venezuelano não foi motivada por convicção, mas por pressão da opinião pública e pelo desejo de estancar a sangria nas pesquisas.
 
Desde os tempos em que liderava a oposição, Lula é tido e havido como um "animal político", um expert na arte de atrair aliados e superar adversidades. Sua desforra contra a Lava-Jato comprova isso, mas sua atuação no terceiro mandato coloca essa fama em xeque. 
Distante dos problemas da população e dos desafios da máquina pública, o ex-tudo (ex-retirante, ex-metalúrgico, ex-sindicalista, ex-presidiário e ex-corrupto) comanda um governo descoordenado, emite sinais contraditórios e permite que seus principais auxiliares sabotem uns aos outros. 

Para fazer jus à imagem do craque que imagina ser, Lula precisa entrar em campo, colocar a bola embaixo do braço e ditar o rumo da partida — que ainda tem resultado indefinido, mas, segundo os próprios petistas, pode ser perdida se juiz não tomar conta do jogo. Mas quanto mais Lula fala, mais claro fica que já passou da hora de ele encerrar seu ciclo na política. Às vésperas de completar 79 anos, o macróbio é uma usina de ideias retrógradas, ou ruins, ou retrógradas e ruins. Diante da impossibilidade de arejar uma mentalidade como essa, urge arejar o ambiente.

Há décadas que o Brasil é governado como uma usina de processamento de esgoto, onde entra merda por um lado e sai merda pelo outro. E o que mais poderia sair? Entre a porta de entrada, aberta pelas eleições, e a de saída, na troca de comando, a merda muda de aparência e de nome, recebe nova embalagem... mas continua sendo merda.

domingo, 21 de abril de 2024

LIRA DOS OITO ANOS


A lira é um instrumento musical de cordas que simboliza a conexão com o divino e a expressão da alma por meio da música e da arte — dizem que Nero dedilhava a sua durante o Grande Incêndio de RomaLira dos Vinte Anos é uma antologia póstuma de poesias de Álvaro de Azevedo (1831-1852), e Arthur Lira, o imperador da Câmara que, na reta final do segundo mandato, começa a perceber que o Olimpo não tem escada. 

No início do próximo ano legislativo, Lira dará adeus ao cetro e à coroa e trocará a mansão oficial com geladeira cheia, mordomo de libré e um batalhão de serviçais pelos rigores maldição que marcou a trajetória de antecessores que não souberam se reinventar, como Marco Maia, que não conseguiu se reeleger deputado pelo RS, e João Paulo CunhaHenrique Eduardo AlvesEduardo Cunha, que fizeram escala na cadeia — o primeiro, carbonizado pelo mensalão, renunciou ao mandato; o segundo, após exercer 44 anos de mandatos ininterruptos como deputado, perdeu uma eleição para o governo do RN, tentou retornar à Câmara, mas foi novamente barrado pelo eleitor; e o terceiro, artífice do impeachment de Dilma, foi afastado do cargo pelo STF e cassado pelos colegas. 

Rodrigo Maia, um dos presidentes mais longevos da Casa do Povo, viu naufragar o plano de fazer seu sucessor graças a Bolsonaro e seu tratoraço (o emedebista Baleia Rossi foi feito picadinho por Arthur Lira). Representante do Rio de Janeiro, "Botafogo" virou secretário do governo paulista sob João Doria; vigiado pela Abin paralela do capetão, foi acossado pelo bolsonarismo nas redes sociais; antevendo um novo fiasco se tentasse a sorte das urnas, migrou para a iniciativa privada. 
 
Alheio à síndrome do que está por vir, Lira desafina, digo, desafia o ocaso exercitando o pecado capital da soberba. Apaixonado pela própria voz, chamou de "incompetente" o articulador político do Planalto Alexandre Padilha. O tiro ricocheteou no dono da articulação. Lula atirou de volta: "Só de teimosia, Padilha vai ficar muito tempo nesse cargo". Pressentindo o cheiro de queimado, o deputado Elmar Nascimento, candidato de Lira à própria sucessão, tentou apagar, nos bastidores, o incêndio que afugenta o governo para candidaturas alternativas. 
 
Os poderes de Lira decrescem na proporção direta do avanço do calendário eleitoral. Premidos pela necessidade de acomodar aliados nas prefeituras de seus redutos, os deputados estão mais interessados nas urnas do que na agenda econômica do ministro Fernando Haddad — o que transforma a irascibilidade de Lira numa aposta arriscada: com sua "teimosia", Lula sinaliza a disposição de demonstrar que a divindade da Câmara e o pedaço do Centrão que carrega o seu andor têm mais a perder do que o Planalto. 
 
Dono e senhor da pauta Câmara, Lira pode facilitar ou infernizar o segundo ano de um governo que mantém um olho na inflação dos alimentos e outro na curva descendente das pesquisas. Dono do Diário Oficial, Lula como que convida Lira e sua turma a lançarem um olhar para a caixa registradora da Codevasf, da CEF e dos ministérios terceirizados ao centrão. 

Nesse jogo, uma mão suja a outra. O xamã do PT não ignora que seu governo alimenta parlamentares que estarão na trincheira inimiga em 2026. Minoritário no Congresso, move-se como se desejasse esclarecer que todos que quiserem continuar comendo na mesa do governo terão ao menos que lavar os pratos. 
 
Lira abespinhou-se com o Planalto contra um pano de fundo manchado pelo caso Marielle. Um pedaço do Centrão uniu-se à milícia parlamentar bolsonarista na malograda articulação para abrir a cela do deputado Chiquinho Brazão. O soberano da Câmara enxergou as digitais do articulador político do Planalto na difusão da maledicência segundo a qual sua debilidade ficou gravada no painel eletrônico que manteve o preso na tranca. Daí os disparos contra Padilha, que, para desassossego de Lira, continua dando expediente na Presidência da República. 

A presença de Chiquinho Brazão e seus cúmplices em presídios federais evidencia uma mudanças dos ventos na PF, que desmonta velhas blindagens. O mesmo ânimo parece pautar as ações da PGR depois que a fábrica de escudos que operava sob Augusto Aras encerrou suas atividades. Nesse contexto, até os aliados já avaliam que Lira, cultor de mumunhas orçamentárias e sócio fundador da confraria do antigo orçamento secreto, brinca de corda sem atentar para o nó que asfixiou alguns dos seus antecessores.
 
Com Josias de Souza

sábado, 20 de abril de 2024

POR QUE OS SMARTPHONES SÃO TÃO CAROS NO BRASIL?

NÃO EXISTE GRANDE ARTE SEM PAIXÃO.

 

Lula foi catapultado à política liderando greves históricas que desafiaram a ditadura militar nos anos 1970. Agora, em um momento delicado do seu terceiro mandato, com a popularidade em queda e outras crises internas, o presidente é alvo de uma pressão adicional vinda justamente de velhos conhecidos: os sindicados. Um amplo movimento reivindicatório tem crescido e colocado o governo contra a parede. Vinte categorias estão mobilizadas por reajuste salarial e outras demandas. Várias delas já realizaram greves e outras ameaçam paralisações para esta semana. O Ministério da Gestão já se movimenta para tentar evitar maiores problemas. Resta saber se dará certo.


Resumidamente, os celulares custam (mais) caro no Brasil devido ao câmbio e aos impostos federais, estaduais e de importação. Nos EUA, o iPhone 15 Pro Max de 1TB sai por US$ 1,5 millembrando que, lá, o salário-mínimo é de US$ 7,25 por hora (que equivale a aproximadamente R$ 6.785,92 mensais para que trabalha 40 horas semanais). Aqui, o preço do mesmo modelo no site oficial da Maçã é R$ 13.999. Assim, um trabalhador que ganha um salário-mínimo precisa ralar por 10 meses, sem gastar um tostão, para ter o iPhone top de linha  cinco para pagar a diferença cambial e outros cinco para cobrir a tributação.  


ObservaçãoO Brasil é o segundo país que mais cobra pelo celular da Apple. De acordo com uma pesquisa realizada pela HelloSafe em 2022, que mapeou o preço do smartphone em 31 países, o pódio foi: Turquia (R$ 9.544), Brasil (R$ 7.599) e Suécia (R$ 6.587). Na outra ponta ficaram Canadá (R$ 4.925), Japão (R$ 4.889) e EUA (R$ 4.666) — lembrando que, nesses países, o salário dos trabalhadores é muitas vezes superior ao dos brasileiros.


A Apple não é a única a enfiar a faca na depauperada classe média tupiniquim. Os recém-lançados modelos da linha "S", que estrearam a inteligência artificial (IA) desenvolvida pela Samsung, chegam a custar R$ 13 mil. Sem nos reajustes escorchantes dos planos de saúde individuais intermediados pela Qualicorp de Seripieri Filho (que é unha e carne com o presidente de turno desta banânia)

 

Outro fator que determina o preço final desses dispositivos — fechado em dólar, por mal dos nossos pecados — é a própria cadeia de produção, ou seja, o custo para fabricá-los. Isso ficou mais escancarado na crise dos chips, durante a pandemia, quando, além de ficarem mais caros, os produtos sumiram das vitrines, tanto nas lojas físicas como nas virtuais.

 

O preço dos aparelhos produzidos localmente, como os da Multilaser, Positivo e Gradiente também é saldado, o que se deve em parte aos componentes usados na montagem, que são importados e pagos em dólar. Quanto maior a defasagem do real frente ao dólar, mais caro ficam os produtos. Sem mencionar que as indústrias estabelecidas no Brasil têm de lidar com outros complicadores, como logística, risco-Brasil e, claro, impostos. E quem paga o pato é sempre o consumidor.


E viva o povo brasileiro.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

SUTILEZAS ESTARRECEDORAS DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL (FINAL)

PODE-SE APRESENTAR A CULTURA A UM IDIOTA, MAS NÃO SE PODE OBRIGÁ-LO A PENSAR.

Elon Musk é movido a lucro. Transformá-lo num radical de extrema-direita é combatê-lo com as armas erradas. Moraes, guindado por seus pares a provento de toda ação que se assemelhe a ataques à democracia, exorbitou da competência por conexões infinitas entre questões submetidas.
No auge da Lava-Jato, Moro gozou desse mesmo poder exacerbado. As Cortes superiores avalizaram suas decisões durante anos, até que, um belo dia, uma estapafúrdia epifania revelou Fachin (com mais de 5 anos de atraso e por circunstâncias além dos autos) à conclusão de que a 13ª Vara Federal de Curitiba carecia de competência territorial para processar e julgar Lula. Além de confirmar essa barbaridade (por 8 votos a 3), o plenário anulou as condenações e as provas que as escoraram. Moro havia levantado o sigilo de uma conversa entre Dilma e Lula. Com base nessa ação — considerada depois ilegítima —  Gilmar Mendes impediu a mulher sapiens de proteger seu criador acomodando-o na Casa Civil. 
Moraes levantou o sigilo dos depoimentos dos fardados sobre a tentativa de golpe para enfraquecer a defesa de Bolsonaro, e esses movimentos serviram para mobilizar os extremistas que continuam fiéis ao "mito", a despeito de tudo que ele fez e de quem ele é. A diferença é que "Xandão" e seus pares vem agindo em defesa da democracia, enquanto Bolsonaro, Musk e a escória extremista que lhes baba os ovos tentam desconstruir as instituições para favorecer uma rebelião contra o governo “comunista”.
Alardeando que vigora na China uma "democracia efetiva", Gleisi Hoffmann leva mais água ao moinho da escumalha bolsonarista. Fazendo eco a essa sandice, Lula — que se elegeu em 2022 prometendo um governo de união nacional, mas montou um governo de esquerda com uma aparente coalizão democrática que não tem sustentação real — diz que na Venezuela há democracia até demais. Daí cada vez mais gente apostar que o dito-cujo não terminará o terceiro mandato. Queira Deus que isso aconteça, mas não permita o Diabo que o preço a pagar seja a volta da extrema-direita.

Os dicionários definem "antropomorfizar" como atribuir sentimentos e emoções humanas a seres não-humanos. Xingar o carro quando o motor não "pega", ou o computador quando o sistema congela, é um desabafo, mas falar com assistentes virtuais não é caso de internação: chatbots dotados de Inteligência Artificial são capazes de conversar com os usuários. Isso nos leva à seguinte pergunta: faz alguma diferença ser cortês com essas máquinas? Antes de tentar respondê-la, é preciso definir se chatbots são parte da IA ou se a IA é parte dos chatbots.

Apesar de serem usados indistintamente, os dois termos não são sinônimos. Chatbot advém da combinação de chat (conversa) com bot (robô), onde "robô" remete a máquinas programadas para realizar tarefas de forma autônoma ou assistida. Então, podemos dizer que chatbots são robôs capazes de pensar, e que a IA é a mágica por trás dessa capacidade.
 
Observação: Sistemas computacionais não-IA se limitam a executar sequências de instruções, ao passo que os sistemas IA aprende com o Machine Learning e, com o concurso do NLP (de Processamento de Linguagem Natural, em inglês) conseguem imitar como o cérebro humano pensa e conversar com as pessoas como eles também fossem pessoas.
 
Voltando à formatação das perguntas/comandos, se os chatbots não compreendem cortesia ou gratidão, expressões como "por favor" e "obrigado" servem apenas para consumir desnecessariamente seus recursos. Por outro lado, demonstrar cortesia em determinados sistemas pode gerar respostas de melhor qualidade. Não porque a máquina se sente inclinada a oferecer um serviço melhor a quem a trata com educação, mas porque, comunicados educadamente, os comandos se tornam mais parecidos com os exemplos de interações que os chatbots receberam durante o treinamento, e como eles os associam a respostas de melhor qualidade, os resultados tendem a ser mais positivos.
 
Pesquisadores da Microsoft, da Universidade Normal de Beijing e da Academia Chinesa de Ciências concluíram que modelos de IA generativa apresentam melhores resultado quando tratados com educação. Demais disso, pequenas mudanças na estrutura dos comandos — como usar dois pontos e/ou parênteses ou incluir frases que agreguem urgência ou importância às perguntas — chegam a aumentar em até 80% a precisão das respostas. N
ão porque o modelo "pensa" logicamente, mas, de novo, porque ele os associa a padrões que, durante seu treinamento, deram maior clareza e detalhamento às respostas. 
 
Observação: Segundo  Julio Gonzalo, diretor do Centro de pesquisa UNED em Processamento de Linguagem Natural e Recuperação de Informação, o auge do surrealismo foi alcançado quando se descobriu que as respostas matemáticas melhoram se o sistema for solicitado a se expressar como se fosse um personagem de Star Trek.
 
Cientistas de dados do Google instruíram um modelo a "relaxar e respirar fundo" e observaram que sua pontuação em problemas de matemática desafiadores disparou. Segundo pesquisadores do Instituto Allen para IA, solicitações emotivas acionam partes do modelo que normalmente não são ativadas por solicitações típicas, levando o chatbot a fornecer respostas que normalmente não forneceria para a mesma solicitação. 

Observação: Articular os pedidos de uma maneira mais gentil e alinhada com o padrão de conformidade no qual o modelo foi treinado aumenta as chances de receber a resposta desejada, mas isso não significa que o modelo desenvolveu capacidades de raciocínio semelhantes às de um humano.
 
Acredita-se que a IA possa superar a inteligência humana já nesta década ou na próxima 
— a julgar pela "inteligência" do eleitorado tupiniquim, isso não é um grande desafio —, embora alguns cientistas acreditem isso só acontecerá quando e se barreiras criadas por diferenças fundamentais entre o cérebro biológico e o dos chatbots forem superadas pelo Machine Learning, dando azo ao surgimento de dispositivos com capacidades cognitivas ainda mais aprimoradas.
 
Por outro lado, a inexistência de consenso sobre o que é consciência e como ela se manifesta dificulta sua reprodução nos chatbots, e interpretar as emoções humanas é fundamental na interação social. Outros desafios são a emulação da criatividade e da capacidade de inovação e a criação de normas que coíbam o uso irresponsável e antiético da IA.

A conferir.