terça-feira, 19 de março de 2024

MAIS SEGURANÇA NO GOOGLE CHROME

A MELHOR MANEIRA DE VOCÊ CUMPRIR SUA PALAVRA É NÃO EMPENHÁ-LA.

A pior cegueira é a mental e o pior cego, aquele que não quer enxergar. Isso explica milhões de toupeiras continuarem acreditando que Bolsonaro é vítima de "perseguição política" mesmo depois da suspensão do sigilo de 27 depoimentos sobre a "suposta" tentativa do "suposto" golpe "supostamente" urdida pelo ex-presidente e seus "supostos" cúmplices. O general Freire Gomes e o brigadeiro Batista Júnior colocaram o "mito" no centro da trama golpista. O ex-comandante do Exército revelou que ele discutiu os termos de uma minuta de decreto golpista com os comandantes das FFAA, e o ex-comandante da Aeronáutica, que Freire Gomes ameaçou Bolsonaro de prisão caso ele insistisse no golpe. 
Exsudando a inocência de um recém-nascido em sua festa de batizado, o imbrochável incomível e inelegível afrimou: "Nunca assinei nada relacionado a isso. Até porque ninguém dá 'golpe' com papel". 
Houve um tempo em que eu tinha vergonha de ser brasileiro. Hoje, eu tenho nojo. 

O Google anunciou recentemente que o Chrome contará com um recurso que detecta tentativas de phishing em tempo real. A ferramenta integra a Navegação Segura do app e faz a checagem a partir de uma lista de sites suspeitos, que fica armazenada no dispositivo do usuário e é atualizada em intervalos de 30 a 60 minutos.

Observação: A má notícia é que alguns ataques de phishing usam páginas que ficam no ar por menos de 10 minutos, e nem todo dispositivo tem capacidade de ficar baixando atualizações da lista a cada hora. Seja como for, é sempre melhor pingar do que secar.

 

Com o novo recurso, o Google espera bloquear 25% mais tentativas de phishing. E para assegurar a privacidade dos usuários, utiliza criptografia e técnicas avançadas de proteção de dados (segundo a empresa, nem ela tem acesso às informações sobre os sites visitados).

 

O Chrome oferece dois níveis de proteção, e o novo método de verificação fará parte da Proteção Padrão — a Proteção Reforçada já conta com uma verificação em tempo real, baseada em checagens de lista usando inteligência artificial. Para conferir se seu navegador já conta com a nova ferramenta, acesse as Configurações, vá em Privacidade e segurança (na barra lateral) e toque (ou clique, conforme o caso) em Segurança. Se a Proteção Padrão estiver selecionada, nenhuma ação adicional será necessária.

segunda-feira, 18 de março de 2024

DANDO NOME AOS BOIS

 

Quem dá a chave do galinheiro às raposas não pode reclamar do sumiço das galinhas, e quem vota em políticos que se elegem para roubar, roubam para se reeleger e legislam em causa própria não pode reclamar da corrupção. 

Nos idos de 1970, o "rei" Pelé e o "presidente" Figueiredo alertaram para o perigo de colocar brasileiros e urnas no mesmo ambiente; passados 50 anos, o eleitorado apedeuta ainda não aprendeu que "agentes políticos" são funcionários públicos pagos com dinheiro dos impostos para servir aos interesses da nação. 

Uma rápida vista d'olhos nos "eleitos" desde a redemocratização (não que a situação fosse muito melhor antes de 1964) sugere que galinhas criarão dentes antes de que a ralé escalada pelo Criador para povoar esta banânia descobrir que político não deve ser endeusado, mas cobrado — e penabundado se mijar fora do penico. 
 
Na eleição solteira de 1989 — a primeira pelo voto popular desde 1960 — havia 22 postulantes ao Planalto, entre
 os quais Ulysses Guimarães e Mário Covas. Acabou que o esclarecidíssimo eleitorado despachou Collor e Lula para o segundo turno. O caçador de marajás de mentirinha derrotou o desempregado que deu certo de verdade, mas se envolveu com corrupção e renunciou horas antes do julgamento de seu impeachment.

Com a deposição do "Rei Sol", Itamar Franco foi promovido a titular. Tendo o sucesso do Plano Real como cabo eleitoral, Fernando Henrique derrotou Lula em 1994; picado pela mosca azul, comprou a PEC da reeleição (detalhes nesta postagem) e derrotou Lula em 1998. Mas já não restavam ao tucano de plumas vistosas novos coelhos para tirar da velha cartola, e Lula venceu Serra em 2002 e Alckmin em 2006. 

Em 2010, o "cara" de Barack Obama escalou uma gerentona de araque para manter aquecida a poltrona que tencionava voltar a ocupar dali a quatro anos, mas madame pegou gosto pelo poder, promoveu o maior estelionato eleitoral da história e venceu Aécio Neves em 2014 — com a menor diferença de votos desde a eleição de Juscelino em 1955. 
 
Promovido de vice a titular pelo impeachment da "mulher sapiens", Michel Temer 
conseguiu baixar a inflação e a Selic e aprovar o Teto dos Gastos e a Reforma Trabalhista, mas seu "ministério de notáveis" revelou-se uma notável confraria de corruptos, e o fato de ter sido citado nas delações da Odebrecht (43 vezes somente na do ex-diretor de relações institucionais da empreiteira não ajudou) não contribuiu para a popularidade de um presidente visto como traidor e golpista pelos petistas e malvisto pelos que comemoraram o final do governo petista (por ter sido vice de Dilma e presidido o maior partido da base aliada do governo petista por 15 anos).

Observação: Num primeiro momento, a troca de comando foi como uma lufada de ar fresco numa catacumba. Após 13 anos e fumaça ouvindo os garranchos verbais de um semianalfabeto e as frases desconexas de uma  destrambelhada, um presidente que não só sabia falar como até usava mesóclises era um refrigério. 

Quando vieram a público o áudio da conversa de alcova com o carniceiro de luxo Joesley Batista e o vídeo de Rodrigo Rocha Loures arrastando uma mala de dinheiroTemer viu seu sonho de entrar para a história como "o cara que recolocou o Brasil nos trilhos" se transformar no pesadelo de se tornar primeiro Presidente denunciado no exercício do cargo por corrupção, formação de quadrilha e obstrução da Justiça. 

Demovido da ideia de renunciar por Eliseu Padilha, Moreira Franco, Carlos Marun, Romero Jucá e outros puxa-sacos que perderiam os cargos e o foro privilegiado se o chefe pedisse o boné, o nosferatu tupiniquim esbravejou — num pronunciamento à nação feito mais de 40 horas depois do furo de Lauro Jardim  que o STF seria "o território onde surgiram as explicações e restaria provada sua inocência". A partir daí, pôs-se a mentir descaradamente para justificar o injustificável, moveu mundos e fundos — especialmente fundos — para se escudar das "flechadas de Janot" e claudicou pela conjuntura como pato manco até o final do mandato-tampão, que se encerrou com a transferência da faixa presidencial para Jair Bolsonaro, o subproduto da escória da raça humana que se elegeu graças a uma formidável conjunção de fatores

Como ensinou o Conselheiro Acácioas consequências sempre vêm depois. Para supresa de ninguém, o deputado do baixo-clero que aprovou dois projetos em 7 mandatos e obteve míseros 4 votos quando disputou a presidência da Câmara (em 2017) se tornou o pior mandatário desde Tomé de Souza — e o primeiro, desde a redemocratização, a não conseguir se reeleger. Se essa criatura repulsiva não tivesse conspirado 24/7, fomentado a Covid, rosnado para o Congresso e o Supremo e se amancebado com Queiroz, Zambelli, milicianos e outros imprestáveis, é possível que o xamã do PT continuasse gozando férias compulsórias na carceragem da PF em Curitiba. 

Uma vez confirmada a derrota nas urnas, o "mito" da extrema-direita radical se encastelou no Alvorada, onde ficou até a antevéspera da posse de Lula, quando então desabalou para os EUA e se homiziou na cueca do Pateta por quase três meses, aguardando o desenrolar dos acontecimentos urdidos no Brasil por seus comparsas golpistas. 
 
Lula merece um capítulo especial, que lhe será dedicado na próxima postagem.

domingo, 17 de março de 2024

COMO SE LIVRAR DOS ANÚNCIOS ONLINE

AS PAREDES TÊM OUVIDOS — E CONTAS NAS REDES SOCIAIS.
 
O percentual dos brasileiros que acham que o país está dividido subiu de 64% para 83%, revelou a Genial/Quaest (resta saber quantos já descobriram que merda fede). Lula precisa vestir o figurino de pacificador que usou durante a campanha, mas isso é difícil para quem trata as eleições municipais de outubro como uma espécie de terceiro turno contra Bolsonaro
Apoiado pelo xamã petista, Guilherme Boulos contabilizou 30% das intenções de voto; enganchado no ex, Ricardo Nunes granjeou a preferência de 29%. Há sete meses, o placar registrava 32% a 24%, com Boulos na liderança. 
A Quaest encostou à foto de Lula a imagem de uma corrente que Boulos arrasta pela pré-campanha, e que o viés de queda pode transforma em bola de ferro. A Nunes, o instituto informou a aprovação de Tarcísio de Freitas entre os paulistanos oscilou positivamente. O governador não chega a ser um trampolim, mas é um caixote em cima do qual o prefeito consegue acenar com mais facilidade para o eleitorado bolsonarista. 
Mesmo acomodada no longínquo patamar de 8%, Tábata Amaral pode impulsionar o debate de temas como a limpeza das ruas, as opções de transporte público, a poda de árvores, as mudanças climáticas, o papel dos guardas municipais, que talvez não empolguem os eleitores, mas servem para lembrá-los de que a polarização é um problema, e não a solução para seus problemas.
 
A propaganda é a alma do negócio, mas tudo que é demais enche. A profusão dos anúncios e pop-ups que explodem na tela do celular não só dificultam a navegação como podem oferecer riscos à segurança, pois alguns não passam de malwares disfarçados. Para minimizar esse desconforto no Android, abra o Chrome, acesse o site responsável pelos anúncios e pop-ups, toque nos três pontinhos, acesse as Configurações, toque em Configurações de sites > Anúncios e efetue o bloqueio.
 
Muitos aplicativos se valem das permissões concedias pelo usuário para sobrepor anúncios na tela. Para revisar essas permissões, acesse Configurações > Aplicativos, toque no ícone do app exibe os anúncios incomodativos e desabilite a opção "Sobrepor a outros apps"
 
Celulares da Samsung vêm configurados de fábrica para exibir propagandas na tela de bloqueio. Para mudar esse comportamento, toque em Configurações > Privacidade > Serviço de personalização e desative a opção Personalizar este telefone.
 
Os bloqueadores disponíveis na Google Play Store não fazem milagre, mas ajudam. O AdBlock e o AdBlock Plus são extensões gratuitas que funcionam com os principais navegadores. AdGuard, desenvolvido especialmente para o Chrome, é gratuito, bloqueia anúncios e ajuda a evitar fraudes e rastreamento online.

sábado, 16 de março de 2024

O TEMPO PERGUNTOU AO TEMPO QUANTO TEMPO O TEMPO TEM...

... E O TEMPO RESPONDEU QUE NÃO TEM TEMPO PARA DIZER AO TEMPO QUE O TEMPO DO TEMPO É O TEMPO QUE O TEMPO TEM.

Fruto da cruza do PL com o DEM, o União Brasil foi apresentado como grande em 2021. Em três anos, revolucionou o provérbio. Mostrou que a união faz a farsa e que o novo era coisa muito antiga. Hoje, o partido belisca milhões em verbas eleitorais, controla três ministérios na Esplanada de Lula, manda no ninho de desvios de verbas da Codevasf e reivindica as presidências da Câmara e do Senado, mas se encaixa melhor no Código Penal do que na legislação eleitoral, e se vê numa crise que tem como pano de fundo a disputa por uma caixa registradora de mais de R$ 500 milhões. 

O UB foi convertido num processo de autocombustão. O fósforo foi riscado quando Luciano Bivar perdeu a presidência para o vice, Antônio Rueda. Julgando-se traído pelo parceiro na política e em negócios privados, Bivar fugiu ao controle. Deve ser conduzido à porta de saída. 

O desfecho foi precipitado pelo incêndio de duas casas de praia num condomínio chique de Pernambuco. Uma pertence a Rueda e a outra, à irmã dele, que é tesoureira do UB. Como se não bastasse, está sobre a mesa do ministro Nunes Marques a ação na qual Rueda acusa Bivar de ameaçar a integridade física de sua filha. A peça é ornamentada com um vídeo que reproduz conversa telefônica. 

Que essa fogueira arda até as ultimas consequências. 


Segundo a Teoria da Relatividade Geral, o tempo não é absoluto e pode ser percebido de maneira diferente por diferentes observadores, dependendo da velocidade e da força gravitacional a que eles estão submetidos. Se estivermos a ponto de borrar as calças e ouvirmos de quem está no banheiro o inevitável “só um minuto!”, esse minuto parecerá o mais longo da nossa vida. 

Conta-se que um leigo pediu a Einstein que trocasse em miúdos sua famosa teoria, e recebeu do físico a seguinte explicação: "Coloque a mão na chama de um fogão e um minuto lhe parecerá uma hora; sente-se junto daquela "pessoa especial" por uma hora e lhe parecerá um minuto. Isto é relatividade."
 
Por levar em conta nossas emoções, expectativas, o quanto as tarefas exigem de nós num determinado período e até mesmo nossos sentidos, nosso cérebro registra a passagem do tempo de maneira "flexível". Segundo estudos recentes, até o idioma que falamos e o sistema de escrita (da esquerda para a direita ou vice-versa) fazem diferença. 

Na maioria das línguas, o passado é descrito como algo que ficou para trás e o futuro, como algo que está sempre mais adiante, mas no idioma falado pelos índios Aimarás dá-se o contrário. No inglês, as distâncias físicas são usadas para explicar a duração dos eventos, mas no grego, por exemplo, a passagem do tempo se baseia em quantidades físicas — ou seja, o fluxo do tempo é percebido como um volume crescente, e não como uma distância percorrida. 
 
O idioma pode se infiltrar em nossos sentidos mais básicos, como emoções e percepção visual, donde aprender uma nova língua nos "sintoniza" com dimensões perceptivas até então desconhecidas. Um estudo publicado pela Nature Reviews Neuroscience dá conta de que o hipocampo dos "atrasados crônicos" os faz subestimar o tempo necessário para chegar ao local do compromisso, já que suas estimativas são feitas com base no tempo que eles levaram para realizar a mesma tarefa no passado, e essas memórias e percepções nem sempre são precisas. 
 
Estudos demonstram que o estado emocional negativo tende a dar a impressão de que o tempo está passando mais devagar, e o positivo, a sensação oposta. No auge da pandemia da Covid, era comum querer "acelerar o tempo" para retomar a "vida normal", mas essa sensação acabou sendo contrária para muita gente, já que emoção e motivação estão interligadas, e o efeito dessa interligação pode tanto "acelerar" quanto "desacelerar" a sensação de passagem do tempo. E quanto mais motivação a pessoa sentir em ambas as direções, mais declarada será a mudança em sua percepção de tempo.  
 
Tanto a aceleração quanto a desaceleração do tempo atua sobre maneira como alcançamos determinados objetivos, mas, enquanto a percepção de aceleração tende a facilitar nos conquistas, a sensação de que o tempo passa mais devagar pode evitar que demoremos muito em situações potencialmente prejudiciais — quanto mais o tempo "demorar a passar" numa situação de medo, por exemplo, mais rapidamente agiremos para nos livrarmos do perigo.

sexta-feira, 15 de março de 2024

A VOZ DAS PESQUISAS  



Sempre desconfiei de pesquisas eleitorais, sobretudo quando elas são feitas com muita antecedência. Acerta o placar quem espera o apito final (e isso se o VAR não atrapalhar). Magalhães Pinto dizia que "política é como nuvem" e Ciro Gomes, que "eleição é filme e pesquisa é frame". Na melhor das hipóteses, elas são um "instantâneo" do humor do eleitorado num determinado momento, e isso se admitirmos que a opinião de 2 mil gatos pingados espelhe o pensamento de 150 milhões de eleitores.

Em 2018, todos os institutos davam de barato que Dilma seria a senadora mais votada, mas ela ficou em 4º lugar; que Bolsonaro perderia de qualquer adversário no segundo turno, mas ele venceu por uma diferença de quase 12 milhões de votos. Eduardo Suplicy, outro "eleito" por antecipação, foi penabundado após 27 anos de Senado; Geraldo Alckmin obteve menos de 5% dos votos, e Marina Silva, 1%. No Nordeste  tido e havido como o solo sagrado onde Lula realizaria o milagre da ressurreição —, o PT teve 10 milhões de votos a menos do que em 2014 e perdeu em cinco das sete capitais da região.
 
Lula começou a semana com a ressaca de opinião pública produzida pelas pesquisas Quest, Ipec (ex-Ibope) e Atlas. Embora simule tranquilidade, a petralhada exsuda bagos de preocupação. No segundo turno da campanha, chegou-se a falar na "sorte" de um país que dispunha de um líder popular com força para se contrapor ao obscurantismo antidemocrático de Bolsonaro. Depois de 15 meses de gestão, só um idiota não vê que a tal "frente ampla" que mandou o mito do arcaísmo para casa não foi capaz (e nem será) de desintoxicar a conjuntura nacional.
 
Confie-se ou no resultado das pesquisas, a impressão que fica é a de que Lula não consegue convencer o eleitorado de que "o Brasil voltou" para uma posição mais vantajosa do que sob Bolsonaro. O fato de o bolsonarismo se manter sólido evidencia que o petista não só é incapaz e conquistar eleitores do rival como vem se distanciando do eleitor mediano que ajudou a elegê-lo em 2022. Enquanto o alarme da impopularidade toca, seus operadores políticos tentam convencê-lo de que é preciso circular não no exterior, mas no Brasil. Mas a pergunta é: circular para quê? 
 
No primeiro ano de sua terceira gestão, Lula tentou passar uma borracha na era da destruição. Fechou a fábrica de demolição que seu antecessor instalou no Planalto, recriou programas de antigos governos petistas e colocou em pé o Desenrola. Mas o efeito positivo começou a se dissipar no oitavo mês, quando as linhas de aprovação e desaprovação iniciaram um processo de aproximação nas pesquisas.

O petista repete ad nauseam que foi perseguido e injustiçado, mas quem tem olhos enxerga o abismo que separa a anulação de sentenças do conceito de inocência. Saltam aos olhos dois fatos: 1) A Lava-Jato exorbitou, mas a corrupção confessada e ressarcida não é uma obra de ficção; 2) Lula não foi absolvido nos vinte e tantos processos abertos contra ele; foi "descondenado" porque maioria das ações foi anulada ou arquivada pela prescrição resultante do deslocamento de Curitiba para Brasília.
 
O PT e seu pontífice demoram a perceber que o câncer da corrupção não será extirpado com discursos. Numa fase em que a tentativa de rescrever a história inclui as canetadas com que o ministro Dias Toffoli anulou multas bilionárias que empresas concordaram em pagar após confessarem seus crimes, a parcela minimamente pensante do eleitorado pede argumentos compreensíveis, não lero-lero político. 

Lula disse que as pesquisas servem como "instrumento de ação e de mudança da sua estratégia de governo", mas suas ações sinalizam uma opção preferencial pela inação e pela perseverança no erro: "A gente tem de entendê-la como uma fotografia em função do momento em que você está vivendo...". Eleito por pequena margem com um discurso de "pacificador", sua excelência chega a um ano e três meses de governo perdendo apreço até entre seus eleitores mais tradicionais, mas continua insistindo que "a polarização é boa se a gente souber trabalhar os neutros para que a gente possa criar maioria e governar o Brasil." 
 
Lula confunde alhos com bugalhos quando lembra que país foi polarizado durante décadas pelas disputas entre PSDB e PT
Quando perdeu a eleição, José Serra parabenizou o adversário. FHC presenteou-o com uma transição de mostruário, passou-lhe a faixa e foi para casa. Bolsonaro sonegou ao país o reconhecimento da derrota, tramou uma virada de mesa, estimulou o acampamento que pedia intervenção militar na frente do QG do Exército e foi assistir desde a Flórida à intentona de 8 de janeiro e agora percorre a conjuntura à procura de encrenca. Na era da polarização PSDB X PT, o bico mais afiado da oposição no Congresso era o de Tasso Jereissati, um oposicionista de punhos de renda. Hoje, Lula rala uma oposição protagonizada por gente como Nikolas Ferreira, um guerrilheiro de redes sociais. 

Sobre a má avaliação da economia, Lula disse: "Até agora, preparamos a terra, aramos, adubamos e colocamos a semente. Cobrimos a semente. Este é o ano em que vamos começar a colher o que plantamos". Foi como se ecoasse o Delfim Netto da ditadura, época do "milagre econômico": "Antes de repartir o bolo, é preciso esperar que ele cresça." Se observasse o "filme" exibido pelas pesquisas, o presidente perceberia que as curvas da aprovação e da desaprovação aproximam-se desde agosto do ano passado. 
 
No corredor da existência, a paciência fica sempre na primeira porta. Convém a um governante bater de leve, sob pena de enfurecê-la. Lula exagera nas batidas. Se esperasse um pouquinho mais, talvez começasse a pensar antes de falar.

Com Josias de Souza

quinta-feira, 14 de março de 2024

A MÁQUINA DO TEMPO DE RON MALLET

O TEMPO É O GRANDE LADRÃO DA MEMÓRIA.


A espada de Dâmocles que pende por um fio sobre o senador Sérgio Moro pode cair no dia 1º de abril. Lula afirmou que só vai sossegar depois que foder o ex-juiz que o condenou, mas disse que a provável cassação de seu algoz é um erro político. Pode parecer um contrassenso, mas não é. Lula vê Moro como um morto-vivo no Congresso, um senador sem qualquer influência, mas receia que sua cadeira seja conquistada extrema-direita bolsonarista. Imagina-se que a ex-primeira-dama Micheque pode seja a "sujeita oculta" do temor presidencial. 


De acordo com o astrofísico Ron Mallet, é possível usar o laser para formar um "feixe de luz circundante" capaz de produzir uma curvatura no espaço-tempo e, através desse "túnel", voltar ao passado ou avançar para o futuro. 


Em entrevista à CNN, o cientista ensinou que gravidade não é uma força, mas uma dobra feita no espaço por objeto massivo, e ecoou Eistein sobre o espaço-tempo poder ser distorcido pela matéria. Mas sua teoria não entusiasmou a comunidade científica, que até admite a possibilidade (teórica) de viajar para futuro, mas não de retornar ao passado. 

 

O desejo de reencontrar o pai, morto quando Mallet tinha 10 anos, despertou seu interesse do físico pela viagem no tempo. Ele construiu "uma respeitável carreira acadêmica" estudando os buracos negros e a teoria da relatividade geral, mas reconhece que sua "máquina do tempo" ainda não foi comprovada na prática, e que existem desafios significativos a serem superados  entre os quais a necessidade de criar fontes de energia extremamente poderosas e materiais capazes de suportar as enormes forças geradas pela rotação do anel laser.


Podemos comparar o passado a um lugar distante para onde gostaríamos de viajar, mas as viagens "de verdade" dependem basicamente de quanto podemos gastar, enquanto uma visita a tempos idos esbarra nas leis da física. Sabe-se que o tempo acelera e desacelera conforme a velocidade com que um objeto se move; a uma velocidade próxima à da luz, o tempo passa mais lentamente para o viajante do que para quem ficou na terra, como ilustra o paradoxo dos gêmeos (que foi comprovado experimentalmente com o uso de relógios atômicos em aviões). 


De acordo com o astrofísico Paul Sutter, voltar ao passado é admissível à luz da teoria da relatividade geral. Em sua concepção, o tempo é a progressão aparente dos eventos do passado para o futuro, numa evolução que parece ser contínua e irreversível. Einstein teorizou que a experiência do fluxo do tempo é relativa (dependendo do observador e da situação), contrariando a ideia do “relógio mestre” de Newton, que mantinha o tempo sincronizado em todo o universo. 


Observação: Na relatividade especial, publicada em 1905 no artigo "A Eletrodinâmica dos Corpos em Movimento", Einstein escreveu que relógios em movimento funcionam lentamente, que quanto mais rápido nos movemos no espaço, mais lentamente progredimos no tempo, e quanto mais próximos da velocidade da luz estivermos, maior será esse efeito (vale destacar que dois relógios atômicos posicionados em alturas diferentes produzem medições diferentes, ainda que a diferença de altura entre eles seja de alguns milímetros).

 

Faltam explicações mais concretas e consensuais para a possibilidade de viajar no tempo. Um vídeo em que se vê uma bola a subir e cair no solo está na ordem correta ou inversa? Não se sabe. A maioria das leis e equações usadas pelos físicos é simétrica no tempo e, portanto, pode ser revertida. Mas aí entra o conceito de entropia — uma espécie de medida da desordem das partículas num sistema físico, que parece respeitar um fluxo de tempo. Curiosamente, basta alguém teorizar sobre viagens no tempo para uma parte da física vir e acabar com a festa. No caso em tela, a estraga-prazeres é 2ª lei da termodinâmica, segundo a qual entropia aumenta sempre num sistema fechado, e essa evolução não pode ser revertida

 
Falhas na teoria de Mallet foram expostas por Ken D. Olum e Allen Everett, do Departamento de Física e Astronomia da Tufts University, mas nem tudo são críticas. No livro "Como construir uma máquina do tempo", o 
escritor britânico de ciência Brian Clegg afirmou que nem todos concordam que o dispositivo planejado pelo astrofísico americano poderia funcionar, mas essa possibilidade é interessante o suficiente para que se promova uma tentativa experimental.

 
Mallet vem tentando conseguir fundos para realizar mais experimentos, mas deixa claro que "não é como no cinema; não vai acontecer depois de duas horas, ao custo do que você paga pelo ingresso". Quando perguntado sobre as implicações éticas de voltar ao passado, ele cita o filme de 1994 "Timecop — O Guardião do Tempo", no qual Jean-Claude Van Damme interpreta um policial que trabalha para uma agência que regulamenta viagens no tempo. W se diz fã do filme “Interestelar”, que lida com ideias sobre como o tempo impacta pessoas no espaço diferentemente de pessoas na Terra e cujo embasamento científico foi alavancado pelo envolvimento do Nobel de física Kip Thorne.

Às vésperas de completar 79 anos, Mallet dificilmente conseguirá voltar fisicamente à Nova York dos anos de 1950, mas, graças à magia do cinema, ainda pode ter um vislumbre do passado onde sonha em encontrar o pai uma última vez.  

quarta-feira, 13 de março de 2024

NÃO HÁ NADA COMO O TEMPO PARA PASSAR... (FINAL)


O tempo passou, os ventos mudaram e subproduto da escória humana que elegemos em 2018 tornou-se o pior mandatário desde Tomé de Souza e o primeiro desde a redemocratização que tentou a reeleição, mas foi barrado nas urnas. 

Confirmada sua derrota, o "mito" dos "patridiotas" se encastelou no Alvorada até a antevéspera da posse do sucessor, quando então fugiu para a Flórida (EUA) e se homiziou na cueca do Pateta por 89 dias, esperando o desenrolar dos acontecimentos urdidos em solo pátrio por seus comparsas golpistas. Acabou que o golpe não prosperou, a Hora da Verdade chegou e o depoimento do general Freire Gomes tornou sua prisão questão de "quando". 

Ao contrário dos demais fardados que participaram da intentona golpista (e do próprio Bolsonaro), o ex-comandante do Exército respondeu todas as perguntas dos agentes federais. Nas palavras de um ministro do STF, seu depoimento é mais valioso do que uma delação, pois contém revelações de uma testemunha, não de um criminoso à procura de benefício judicial.

ObservaçãoMauro Cid deixou a PF no início da madrugada de ontem, após depor por quase 9 horas. O conteúdo está sob sigilo, mas sabe-se que ele responderia todas as perguntas. Durante os atos de 25 de fevereiro, Bolsonaro disse que "golpe é tanque na rua", e que vinha sendo acusado de golpe por causa de "uma minuta de um decreto de estado de defesa". Como se costuma dizer, o peixe morre pela boca.
 
Ninguém é mais responsável do que Bolsonaro pela merda que o Brasil virou nos últimos anos (não que antes fosse muito melhor). Mas nenhum politico com cargo eletivo brota no gabinete por geração espontânea. Pelé e o general Figueiredo já alertavam para o risco de misturar brasileiros com urnas em pleitos presidenciais. Não obstante, melhor do que simplesmente acusar é conscientizar essa choldra de que políticos não devem ser endeusados, mas cobrados e descartados quando mijam fora do penico. 
 
A polarização esteve presente em todos os capítulos da nossa história, mas ganhou vulto quando Lula plantou a semente do "nós contra eles
— que a rivalidade entre mortadelas e coxinhas regou e  "mico" e seus miquinhos estercaram durante a campanha de 2018. Churchill lecionou que a democracia é a "pior forma de governo, exceto todas as demais", mas pontuou que "o melhor argumento contra a democracia é cinco minutos de conversa com um eleitor mediano". 

Anthony Downs ensinou que "ganha a eleição quem conquista o eleitor mediano", e esse teorema vicejou no Brasil de 1994 até 2014, quando então a reeleição da Mulher Sapiens levou a dicotomia da política para as ruas. 
 
Observação: Desde 2018 que o eleitorado tupiniquim está com a polarização e não abre. E nem bem vestiu a faixa pela terceira vez, Lula arregaçou as mangas e pôs-se a trabalhar pelo retorno do bolsonarismoDe janeiro de 2023 para cá, o matusalém petista e sua cuidadora passaram 70 dias excursionando por 26 países de 4 continentes

Imbuído da certeza de que foi "descondenado" e eleito para ocupar o cargo de Deus, Lula estendeu o tapete vermelho para Nicolás Maduro, acomodou Dilma na presidência do Banco do Brics, indicou para o STF seu amigo e advogado Cristiano Zanin e seu ministro comunista Flávio Dino, chamou da suprema aposentadoria o velho companheiro Ricardo Lewandowski, pegou em lanças contra o presidente do BC e sabotou Haddad ao declarar que a meta fiscal não precisa ser zero

No ano passado, quando uma "pneumonia leve" o obrigou adiar uma viagem à China, Lula disse que estava poupando a voz para o encontro com Xi-Jinping. O detalhe é que nem líder chinês fala português, nem o brasileiro fala mandarim (na verdade, ele não domina sequer o idioma de Camões). 
 
Do alto do seu ego colossal, o Sun Tzu de Atibaia não viu nada de mais no fato de a ministra Anielle Franco requisitar um jatinho da FAB para assistir a um jogo de futebol. Demorou a penabundar a ministra Daniela Carneiro que se envolveu numa esquisita relação eleitoral com milicianos). Manteve no cargo o ministro das Comunicações que usou dinheiro de emendas parlamentares em benefício de sua fazenda no Maranhão, empregou funcionário fantasma no Senado e autorizou o sogro a usar o gabinete ministerial para "despachos informais". 

Em março de 2023, Lula disse que só ficaria bem depois que "fodesse Sérgio Moro". Dias depois, classificou de visível armação um plano do PCC para matar o ex-juiz. No mês seguinte, afirmou que a Ucrânia era tão culpada quanto a Rússia pela guerra no leste europeu. Em julho, agradeceu a África pelo que foi produzido durante a escravidão no Brasil. No final do ano, trombeteou que a ação dos israelenses é tão grave quanto o ataque desfechado pelo Hamas; no mês passado, comparou a ação israelense em Gaza ao Holocausto. 
 
Lula já disse que ditadura na Venezuela é mera "narrativa" e que "o conceito de democracia é relativo". Agora, excursiona pelo mundo da Terra Plana ao comparar os ataques de Bolsonaro ao sistema eleitoral com a resistência da oposição venezuelana ao jogo de cartas marcadas: "Espero que as pessoas que estão disputando as eleições [na Venezuela] não tenham o hábito de negar o processo eleitoral, as urnas, a Suprema Corte." 

Nosso estadista de fancaria compactua com a farsa da recondução de um tiranete que se mantém no poder por duas décadas e meia graças à manipulação de regras, ao aparelhamento de instituições, à violação de direitos humanos, a corrupção das Forças Armadas, à asfixia a imprensa, à prisão de opositores e à inabilitação de adversários. Um déspota que preside uma ruína que resultou no êxodo de 7 milhões de venezuelanos — boa parte dos quais buscam socorro no Brasil. 

Observação: Noutros tempos, a postura de Lula seria vergonhosa; à luz da conspiração golpista do 8 de janeiro, ela não só ofende quem se juntou ao petismo em 2022 na folclórica "frente ampla" como desnorteia líderes mundiais que deram crédito ao bordão segundo o qual "o Brasil voltou" e agora se perguntam: "Voltou para onde?" Ao pular na frigideira de Maduro, o reizinho carboniza os "valores" que lhe renderam a terceira (e queira Deus que seja a derradeira) passagem pelo Palácio do Planalto.
 
A exemplo de seu antecessor, Lula se tornou refém do Centrão. Quando Lira rosnou que "o Orçamento é de todos, não do Executivo", comprometeu-se a liberar R$ 20 bilhões em emendas a tempo de os parlamentares faturarem politicamente nas eleições de outubro. Após exaltar o óbvio dizendo que Bolsonaro "tentou dar um golpe e sabe que pode ser preso", feriu de morte o transporte por aplicativo enviando ao Congresso um estapafúrdio projeto de lei que "regulamenta" esse tipo de serviço.

A esquerda brasileira é mais atrasada que o Coelho Branco. Parou no tempo nas relações trabalhistas, perde tempo com Maduro e demora a perceber que fazer política como fazia há 20 anos não funciona mais. Parece não ver que o petista subiu a rampa pela terceira vez não por seus méritos, mas pelos deméritos do imprestável que o antecedeu. 

Em 15 meses de (terceira) gestão, Lula não conseguiu reverter a fratura da polarização. Seus índices de desaprovação cresceram no Sul e no Sudeste e os de aprovação diminuíram até no Nordeste. Quem lê as estrelinhas percebe que o gosto pela raiva leva "o cara" de Barack Obama a esquecer que não foi eleito para passar quatro anos passeado e falando mal de um antecessor inelegível. 

Lula permanece acorrentado a uma agenda tóxica que inclui chutar Bolsonaro, afagar o imperador da Câmara e aplacar a celeuma que criou ao encostar o holocausto em Gaza. Por mal dos nossos pecados, noves fora algum ponto fora da cura, ainda lhe restam quase 30 meses para mostrar serviço e mudar de assunto antes do próximo pleito presidencial.
 
Triste Brasil.